Arqueologia das tecnologias sem-fio: Armin Medosh e Milena Szafir dialogam em festivais…
"...um dos aspectos mais interessantes do olhar proposto por Medosh é a crítica da comodificação dos aparelhos, uma espécie de fetiche da mercadoria em uma sociedade em que a identificação entre os aparelhos e estilos de vida os transformam em mecanismos perversos. No avesso deste aspecto negativo cada vez menos percebido pelos usuários dos aparelhos portátes, Medosh coloca o tecno-determinismo, crença ingênua no poder redentor da tecnologias." MB/2008
mais sobre o msm (maio/2007) clique aki. more info, click here.
"utopias, distopias e heterotopias": algumas referencias a partir de Flusser, Foucault, Walter Benjamin e outros [em breve mais citacoes pertinentes :: a validacao da autoridade...]
[se vc tiver mais contribuicoes sobre o assunto, este eh um espaco aberto e agradecemos a participacao!]
em tempo retroativo:
"After a series of topics either trying to predict the future or to be omni-comprehensive, the 2007 edition of Ars Electronica focuses on something that everybody should feel as a urge, while its title is 'Goodbye Privacy'. The same name conference is curated by Armin Medosh, a veteran of online art and activism, and Ina Zwerger gathers activists, theorist as well as people outside of the usual circles for a potentially promising debate. ..."
POST RETROATIVO :: MAIO/2007 >> “questoes projetuais para uma WEBTV COLETIVA”
...
de lah para cah (um ano jah!) mta coisa mudou (tecnologias, leiloes-anatel, custos/beneficios individuais e/ou coletivos, politicas, surgimento de diversos portais-softwares online para transmissoes ao vivo e interatividade via webcams ao redor do mundo, chegada da tv digital no Brasil... etc etc etc)
aguardamos seus comentarios e dialogos pertinentes aa discussao aqui proposta.
apoio Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo
PAC - Premio Novas Midias
programação de interface-interativa: Henrique Dias
produção executiva: Toni Domingues
-------- Original Message --------
Subject: questoes projetuais para uma WEBTV COLETIVA
Date: Wed, 23 May 2007 16:54:17 -0300
From: Milena Sz [BR]
...a ideia inicial era aplicar oficinas em diferentes pontos da cidade e país, convidando profissionais das áreas de tecnologia open source (desenvolvedores-programadores) e audiovisual a participarem, para a criação, junto a um público leigo*, de possíveis canais de tv-digitais publicos, entendendo aqui "tv-digital" como uma webTV... ou seja, o espectador torna-se produtor, agente ativo não mais passivo. Mais do que uma interatividade, mas na qualidade de produção de seus próprios manifestos-programas audiovisuais para livre distribuição na rede ("espaço público de mentes coletivas"), e na possibilidade de que estas infra-estruturas de televisão na web sejam financiadas por instituições culturais e/ou educativas publicas e/ou privadas. (...)
Além de qq parte técnica open source a ser testada, tbem me interessa
discutirmos a parte conceitual-conteudo-ideologia, podemos?!
Este "movimento informal" de produção e distribuição de conteúdo público (aliado às questões adjacentes - ou tangenciais? - que permeiam
este "poder de transmissao do conteudo e conhecimento") visam tbem repensarmos o que são "concessões públicas" midiáticas, certo?!
Gostaria entao, se me permitem, compartilhar algumas questoes-indagacoes
aqui com vcs que vao existindo frente à criação de uma webtv coletiva, livre e publica:
1. WEBTV X TV-DIGITAL
1.2. Não sou uma pesquisadora específica de tv-digital, mas tenho
algumas questões-indagações (de pessoa leiga) quanto a
realização-entrada de uma tv-digital em nosso país:
(...sinta-se aa vontade para me corrigir qto a erros "tecnoconceituais"
elaborados-apresentados abaixo, okay!?)
1. De quanto é o sinal - qualidade - aqui proposto (tv digital)? Qual o valor desta transmissão e seu custo? (relacionado - em contrapartida - ao sinal de transmissão de dados na internet; estes custos e qualidades verificamos bem em virtude das transmissoes ao vivo junto ao projeto "MANIFESTE-SE - mobile webtv live broadcast" (2005/07) :: qq um pode fazer a sua propria webtv!...)
2. Quem paga por isto? (governo, empresas e/ou público-consumidor?)
3. Quais são os fatores ... envolvidos na escolha de um sistema digital no Brasil?
4. Quem ganha com a criação de todo este novo sistema de televisão (distribuição de informação) digital?
5. Permitir a criação de novos sistemas para uma possível tv digital (propagandeamente interativa) é (torna-se) vantajoso para quem?
...com um sinal de banda ampliado, qq cidadao teria acesso a conteúdos - canais diversificados e também de acesso a qq cidadao (o receptor torna-se emissor). Entao temos aqui uma via de mao-dupla no 'bom' sentido (desenho anexo). A linha amarela é a questão de produtor-agente ativo.
Qualquer pessoa/ grupo é capaz de fazer seu próprio canal de tv.
1.3. Quem ganha com a criação de webtvs!?
(por pesquisas e experiências projetuais destes últimos anos, de dois anos para cá com certeza todos os itens abaixo estao, a cada dia, mais acessíveis ao usuário comum/ leigo....)
a. servidores de streaming
b. provedores
c. hospedagem
d. bandas-empresas de transmissão de dados
e. domínio-nome
A quem pertencem estas empresas-sistemas?
(vou começar aqui pelo item 'a')
Microsoft ("livre" - Brasil) >> funcionamento MULTCAST
Apple ("livre" - Brasil) >> funcionamento UNICAST
Software Livre (governoBR/RNP ?) >> funcionamento MID-CAST [ateh 2007; jah a partir do Campus Party-Bienal 2008, Sergio Amadeu informou aa equipe do manifesto21 a nova realidade dos sistemas open source de transmissao de audiovisual no Brasil. desde entao nao tivemos oportunidade de testa-la p/ transmissoes...]
a questão do "funcionamento" é imprescindível para a criação de uma webTV. O funcionamento deve ser MULTICAST exponencialmente calculado!
(...o "livre" compreendido aqui como: "pagou é livre, pode usar"...)
1.4. Interatividade >> programação de interfaces online.
questao-duvida: o desenvolvimento em PD funciona(ria) - leve e sem bugs - como uma programação em FLASH na web!?
2. temos então a velha dicotomia: GOVERNO X NEO-LIBERALISMO ("consumo, logo existo. qto valho ou eh por kilo?"), e a partir desta dicotomia duas questões são elaboradas:
I. Qual o preço da liberdade?
II. Qual o PLANO de governo que tem sido (está sendo) adotado?
3. AUDIO-VISUAL RETHORICS:
3.1 experimentações de linguagem audiovisual (montagem, estética, timing
etc);
Uma manifestação para ser mediacast (broadcast online) necessita ser pensada-elaborada para este meio!, confere!?
3.2 Dois pontos; interface e linguagem.
Voltamos então à questão "TECNOCONCEITUAL" >> o ao vivo compreendido não somente como uma técnica, mas como uma transmissão de conteúdo, experimentos q venho chamando de "retórica audiovisual" (ver: "ComunicaCidade: a educação através da arte-comunicação", TGI-FAUUSP-2003), onde o participante-público possa tornar-se também produtor da mensagem e do meio.
4. Criação de interfaces de participação pública junto à Rede;
..imagino que venha então à cabeça de todos as atuais vitrines de produção midiática como o Youtube, Myspace entre outros videoblogs, blogs etc. A quem pertencem estes sistemas? Entra então a questão da vigilância e controle, ou seja, PODER.
Caímos novamente na questão do "poder de transmissão de conteúdo e conhecimento", então volto-lhes a perguntar: estas são meras questões adjacentes ou tangenciais? Em nossa Era não podemos fingir ingenuidade aceitando que técnica e conteúdo (conceito-ideologia) possam caminhar separados e ilesos. Nosso momento deve ser compreendido como a "Era Tecnoconceitual" e daí sim apresentar um manifesto da questão de o que se compreende por "LIVRE", "PÚBLICO" e "DIGITAL".
Voltamos à questão webtv >> a ampliação de bandas de transmissão de dados acarretará em um desenvolvimento em duas vias: o receptor torna-se também apto a ser um produtor-emissor das mensagens-manifestos em rede não somente nacional, mas global. Ou seja, pensar uma webtv com a possibilidade de construção de interfaces junto aos televisores-eletrodomésticos permite e avança na questão de uma política de acesso ao "verdadeiro" mundo digital para o 'povo brasileiro'. Acesso este a diferentes tipos de informação mediática que se encontram na World Wide Web. O sistema a ser criado é "puramente" um sistema-de-interfaces homem-máquina: transformar a relação do homem com a caixa preta. (...) Interfaces aqui compreendida não somente no âmbito virtual (2D/3D) mas também - e talvez principalmente neste momento de decisões sobre sistemas futuros de tv-digital no Brasil - num âmbito físico-estrutural.
A questão do programador - desenvolvedor de softwares -, portanto, não reside numa área puramente e de especificidade técnica. Uma webTV coletiva se pretende a discutir esta criação conjunta desta "interface-de-poder".
Vejo a World Wide Web como um "espaço público de mentes coletivas", portanto não podemos dispensar esta noção de meio (comunicação-vivência) - "conceito global e confuso" - que se "fragmenta segundo as especialidades (...) No entanto, o que é que reúne todos estes dados? um projeto, por outras palavras, uma estratégia."
"Um projeto - estratégia - formulado ao nível global normalmente desencadeia-se como fracasso ou sucesso; "...o fracasso (ou o sucesso) permite discernir o que existe de ideológico nas pressuposições... (...) as defasagens e distorções entre prática e teoria/ideologia (entre conhecimentos parciais e resultados) passam para o primeiro plano em lugar de se dissimularem. (...) a aplicação dos conhecimentos parciais dá resultados que permitem determinar a importância relativa destes conhecimentos; estes resultados, mostrando vazios e lacunas, permitem precisar experimentalmente, na prática, aquilo que falta." (H. Lefebvre, "O Direito aa Cidade")
Desta maneira iniciamos aqui uma centralização de produções (e testes)
midiáticas para que elas possam descentralizar-se futuramente, já que
temos historicamente provado que qq centralização perene tende a
transformar-se em regime totalitário. Tal descentralização é alcaçada a
partir do momento em que novos agentes-atores sociais são formados
(tecnoconceitualmente) em busca da abertura da "caixa-preta".
Volto a questionar, portanto: a quem pertencem estes "servidores em
rede"? Quem eh(sao) "o(s) cara(s)" por tras desta(s) "interface-de-poder"?
5. "software livre" X "open source"
prefiro o termo "open source", descreve melhor para mim a que veio este 'movimento', ou seja, a uma possível abertura da "caixa preta" (vide V. Flusser: "Filosofia da Caixa Preta").
Compreendo esta abertura relacionada tbem à questão da "propriedade de direitos", ou seja, o chamado 'copyleft' destina-se à liberação de referências produtivas-experimentadas para o desenvolvimento de diferentes e novas proposições-experimentos e realidades. Capacitando (transformando) a todos em possíveis programadores, ou seja, tentativas de estabelecer uma relacao alem "aparelho-operador" (usuario final), mas de conscientização da "vida programada" e atuação consciente nesta... (...)
...novamente me desculpem este compartilhamento de questoes, frases aas vezes mal-terminadas (pensamentos e indagacoes mil), mas espero q sejam uteis aas nossas discussoes em comum e q gerem algumas respostas e praticas co-relacionadas...
eh isto. []s e teh!
*a partir das constantes e seguidas transmissoes ao vivo da rua para a
internet e de experimentos a partir de um pqno estudio (c/ chromakey)
para a internet - acoes do projeto "MANIFESTE-SE..." - percebemos que qq
cidadao é capaz de fazer sua própria webtv.
apoio FIAT MOSTRA BRASIL
[trecho do rascunho nao-linear distribuido via email em maio/2007 para Almir Almas, Rogerio Borovik, Lucas Bambozzi, Jean Habib, Media Sana, Karine Batista, Leticia Capanema, Arlindo Machado, Giselle Beiguelman e outros interessados nas proposicoes do manifesto21, na criacao de uma rede de webTVs coletivas etc - em dez/2006 houve convite-proposta aos experts do chamado "software livre" com estudio comercial em SP para colaboracao na continuacao do desenvolvimento 'tecno-conceitual' no projeto "MANIFESTE-SE" no ambito de se criar uma rede open source de webTVs no Brasil, America Latina e exterior...]
[REPOSTED] SAIU NO JORNAL :: A ORDEM DO DISCURSO part#01
PERGUNTA - Os telefones celulares são cada vez mais vistos como potenciais delatores. Ainda é possível limitar esse risco?
- A partir do momento em que seu aparelho está ligado, sua operadora pode de fato colocar em andamento toda uma série de mecanismos de espionagem, atendendo ao pedido de algum "vigilante". Existem procedimentos diferentes que permitem localizar alguém com margem de erro de mais ou menos 50 metros, fazendo uma triangulação com as três antenas de telefonia celular mais próximas de seu telefone. Os telefones de nova geração, os "top de linha" atuais, contêm um chip GPS e serão localizáveis com muito mais facilidade e precisão. Para a escuta, não há apenas a possibilidade de interceptar um telefonema, algo que já se tornou muito simples. Uma operadora também tem a possibilidade de fazer um celular funcionar como microfone de ambiente. Juridicamente, a polícia pode, sob certas condições, pedir que a operadora transforme o telefone em microfone, ouvindo tudo o que é dito em volta da pessoa que carrega o aparelho. Em todos esses casos, porém, tanto para a localização como para a escuta, é preciso que o telefone esteja ligado. Portanto, se você quiser evitar ser permanentemente localizável, faça como fazem policiais ou criminosos: desligue seu celular quando não o estiver usando. [ver "POST PANOPTIC ERA"... 2007 txt+video]
como diria Foucault:
<< ...Por mais que o discurso seja aparentemente bem pouca coisa, as interdicoes que o atingem revelam logo, rapidamente, sua ligacao com o desejo e com o poder. ...
Existe em muita gente, penso eu, um desejo semelhante de nao ter de comecar, um desejo de se encontrar, logo de entrada, do outro lado do discurso, sem ter de considerar do exterior o que ele poderia ter de singular, de terrivel, talvez de malefico. A essa aspiracao tao comum, a instituicao responde de modo ironico; ...
O desejo diz: 'Eu nao queria ter de entrar nesta ordem arriscada do discurso; nao queria ter de me haver com o que tem de categorico e decisivo; gostaria que fosse aqo meu redor como uma transparencia calma, profunda, indefinidamente aberta, em que outros respondessem aa minha expectativa, e de onde as verdades ase elevassem, uma a uma; eu nao teria senao de me deixar levar, nela e por ela, como um destroco feliz'.
...
Penso na oposicao entre razao e loucura... o louco eh aquele cujo discurso nao pode circular como o dos outros: pode ocorrer que sua palavra seja considerada nula e nao seja acolhida, nao tendo verdade nem importancia, nao podendo testemunhar na justica, nao podendo autenticar um ato ou um contrato... Ou caia no nada - rejeitada tao logo proferida; ...
... eh sempre na manutencao da censura que a escuta se exerce ...
...
...poder de coercao... discurso verdadeiro ... como as praticas economicas, codificadas como preceitos ou receitas, eventualmente como moral, procuraram ... fundamentarse e justificarse, racionalizarse a partir de uma teoria das riquezas e da producao...
...
...tres grandes sistemas de exclusao ... a palavra proibida, a segregacao da loucura e a vontade de verdade... onde a verdade assume a tarefa de justificar a interdicao e definir a loucura; ... >>
[loucura? ver tbem Flusser...]
PERGUNTA - ...Neste novo "jogo social", por que o sr. é tão crítico com as redes sociais e a prática dos blogs?
- Porque, para mim, o risco maior está aí, especialmente no que diz respeito aos adolescentes. Milhões deles mantêm blogs ou participam de fóruns em que deixam uma quantidade enorme de informações, sem dar-se conta das conseqüências. Já vimos diversos casos: jovens que, em seus blogs, fazem críticas massacrantes às empresas em que fizeram estágio e que, dois anos mais tarde, se surpreendem ao descobrir que os recrutadores lêem esse tipo de coisa. Fazer besteiras e querer se exibir é algo próprio da adolescência. O problema é que os adolescentes difundem suas besteiras em sistemas tecnológicos privados que vão guardar sua memória. Cerca de 90% das pessoas que se cadastram numa rede social não estão mais nela dois meses mais tarde. Fazem todo o processo de admissão, mas acabam se cansando. Deixam para trás uma quantidade enorme de informação pessoal. ... Fiquei pasmo. Assim, o Google [Orkut, Gmail, YouTube...] e o Yahoo! tornaram-se os maiores detentores de informações sobre nossos comportamentos e nossos hábitos de consumo. [ver "espetaculo+vigilancia=consumo" @ mm não é confete & "YOU-ser:" @ Peter Weibel + Joseph Beuys] ... O vigilante é por definição um paranóico. Conseqüentemente, existem muitos inimigos entre os que supostamente estão a seu lado. ... É isso que às vezes acho excessivo nos panfletos sobre a vigilância: sempre há um exagero, ... Os cidadãos também podem voltar certos meios contra seus criadores, vigiando os vigiadores. Um dos aspectos de nossa pesquisa que nos deixou otimistas é a efervescência criadora que está crescendo em torno desse assunto. Diversas formas de resistência, artísticas ou associativas, estão sendo criadas. Podem retardar ou impedir o pior, sensibilizando o grande público. [ver "Video Surveillance Piece - Public Room/ Private Room", Bruce Nauman @ 1969 & "Der Riese", Michael Klier @ 1983 & "Camera Players" @ 1996 & "Host", K. Lucas @ 1997 & "Surveillance-Wireless-Vjing-Performances Panopticadas", mm não é confete @ 2003 & "Life: a user's manual", Michelle Teran @ 2003 & "Sorria, você está sendo filmado", mm não é confete @ 2004/06 & "Spio", Lucas Bambozzi @ 2004/07 & "CityMapping-Performance", MSz @ 2006 & "Atitude Suspeita", Esqueleto Coletivo+EIAetc @ 2006 & "Bike C-Mapping", Milena Szafir @ 2007 & "Consumer Index", SWAMP @ 2007 & "Era Pós-Panóptica: Retóricas Líquidas em Redes Móveis - Obra de Arte ou Social Operating System?", Mariana Kadlec+Milena Szafir @ 2007/08 & "The Panoptic Society or Immortality in Love with Death", Peter Weibel @ 2007 & "O Ovo da Serpente 2.0", Giselle Beiguelman @ 2008 & "The Suspect Backpack", Somaya Langley @ 2008] ...
SAIU NO JORNAL :: A ORDEM DO DISCURSO part#02
BIOMETRIA, CARTÕES DE COMPRAS, CÂMARAS DE VIGILÂNCIA E INTERNET MONITORAM INDIVÍDUOS E EXTINGUEM IDÉIA DE ANONIMATO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA (FSP,14/set/2008)
[mais infos a respeito baixe gratuitamente aqui o pdf @ 2007 ou aguarde nova publicacao online]
A vigilância hoje abrange quase todas as nossas interações com o mundo e todos os nossos sentidos
Desaparecer ainda é possível, mas é preciso saber o que isso representa em termos de esforço
...
Satélites de observação, câmeras de vigilância, passaportes biométricos, arquivos administrativos, policiais ou comerciais, chips movidos a freqüência de rádio, GPS, celulares, internet: o cidadão moderno vive no centro de uma rede de tecnologias cada vez mais aperfeiçoadas e cada vez mais indiscretas. Cada uma dessas ferramentas, criadas supostamente para nos oferecer segurança e conforto, nos classifica ou até mesmo nos observa. Ao mesmo tempo cúmplices e inconscientes, somos enredados em uma sociedade de vigilância. Será que ainda é possível escapar desses dispositivos múltiplos que nos cercam por todos os lados? ... [Sob Vigilância, ... 252 págs., ]. O livro traz uma visão geral dessas tecnologias, procurando diferenciar entre os temores irracionais e os riscos reais de desvios.
PERGUNTA - Quais são hoje os grandes domínios da vigilância tecnológica?
los gran movimientos que las ciencias sociales necesitan pensar hoy son tambien dos movimientos muy diferentes pero complementarios: las migraciones poblacionales y los flujos de imagenes e informacion [dados] ... en ultimas un mundo sin vagabundos es la utopia de los turistas, ...
[hay] la necessidad de pensar la relacion entre migraciones y flujos mediaticos ...
", Bauman y Martin-Barbero]- Podemos traçar círculos concêntricos. O primeiro são os "pedaços" de nós mesmos -tudo o que diz respeito à biometria. Vamos progressivamente entregando um certo número de elementos que nos pertencem, que nos identificam. Essa história começou com nossas impressões digitais. Hoje, chegou ao DNA, à íris, à palma da mão; dentro em breve, será nosso modo de andar ou nossos tiques. O segundo círculo é aquele formado por todos os captadores que nos cercam -aqueles que nos observam, como videovigilância, webcams, aeronaves de espionagem não tripuladas, aviões, helicópteros, satélites. Há também a escuta, em todos os sentidos do termo. Não se deve esquecer nunca que o primeiro método de escuta é uma pessoa ao nosso lado. Também podem ser usados nossos próprios objetos, especialmente o telefone. Comprei um GPS ou um telefone celular. Será que é possível me seguir graças a esses aparelhos? Será que os vários cartões -de crédito, de fidelidade, de assinante- que carrego na carteira revelam coisas a meu respeito, em tempo real, a cada vez que os utilizo? ...
Depois, há a internet. Será que minha sede de fazer amigos, de me fazer conhecer, não me leva a revelar coisas demais, que algum dia poderão ser usadas contra mim? Logo, os domínios de vigilância hoje abrangem quase todas as nossas interações com o mundo externo e praticamente todos os nossos sentidos. Os receios são mais fortes na medida em que percebermos que teríamos muita dificuldade em viver sem muitas dessas tecnologias. Essa situação é bastante representativa de nossa ambivalência diante dessas questões.
PERGUNTA - Nas cidades do Reino Unido, os sistemas de vigilância já utilizam 25 milhões de câmeras em lugares públicos. A que se deve esse interesse?
- É algo muito irracional, pois não existe trabalho de pesquisa que confirme a eficácia das câmeras. ... A videovigilância é uma ajuda preciosa principalmente para a solução de investigações, a posteriori.
[Ginsburg e Foucault revelam o inicio deste "cadastramento" civilizatorio de nossa sociedade ocidental:]
"
PERGUNTA - Ainda é possível "desaparecer" em nossas sociedades? Isto é, ainda é possível escapar do controle da tecnologia?
- Desaparecer ainda é possível, mas é preciso saber o que isso representa em termos de esforço, sobretudo se você ainda vive na legalidade, sem falsa identidade ou cirurgia plástica. ... O problema é que esse afastamento da sociedade vai parecer sobretudo uma viagem ao passado, um retorno às formas antigas de controle social. Em seu pequeno vilarejo perdido, não haverá quase ninguém, mas todo mundo num raio de dez quilômetros saberá tudo sobre seus hábitos cotidianos, suas particularidades. [DOGVILLE] Os séculos anteriores à tecnologia moderna estavam longe de serem épocas sem vigilância. [GINSBURG & FOUCAULT] Para evitar isso, você talvez prefira mergulhar fundo na selva urbana. As multidões das cidades ainda podem garantir o anonimato. [Baudelaire & WALTER BENJAMIN] ...
PERGUNTA - Sem ir tão longe assim, ainda é possível pelo menos controlar as informações a nosso respeito que permitimos que sejam registradas?
- Se você decide permanecer na sociedade, as informações a seu respeito vão necessariamente circular. Você paga impostos ao fisco, que, conseqüentemente, sabe coisas a seu respeito, assim como sabe seu empregador etc. Mas você pode evitar dar informações a seu respeito que ninguém o obrigue a revelar.
Você pode evitar preencher todos os questionários aos quais geralmente não presta atenção. [ver "Vjiar - Web-Vjing-Cam", 2005/6]...
PERGUNTA - A maior porta para a invasão de nossa vida privada ainda é o computador ligado à internet?
ROUSSELIN - Com certeza. A maioria dos computadores nos é entregue com sistemas operacionais que dão direito legal à Microsoft ou à Apple de colocar em nossas casas espiões que supostamente estão ali por boas razões. A partir do momento em que somos conectados à rede, independentemente de qualquer decisão autônoma de nossa parte, um pequeno tráfico começa a se desenrolar, ... coletando informações sobre nossa estação de trabalho. .... O problema se agrava mais a partir do momento em que se navega na web. A cada vez que visitamos um site, este registra o número de páginas vistas, o tempo de consulta em cada uma, os links seguidos, o percurso integral do cliente antes da transação, assim como os sites consultados antes e depois. [ver: "Ctrl/Espace - Rhetorics of Surveillance,
from Bentham to Big Brother", Thomas Y. Levin + Peter Weibel & "Vjiar - Web-Vjing-Cam"] ...
PERGUNTA - Em lugar de passar despercebida, a solução seria continuar ativo para subverter o sistema?
- Sim, ainda restam muitas áreas de nossa vida pessoal em que nem tudo está decidido. E cabe a cada um de nós fazer com que a vigilância não se amplie. Estamos assistindo ao surgimento de ativistas, vemos artistas, pessoas que têm comportamentos sadios. Mas então topamos com nosso próprio comodismo, nossos pequenos interesses momentâneos. É contra isso que é preciso lutar. Contra nós mesmos? Sim! Porque gostamos do que é moderno e simples. A força do Google ou da Apple é a dessas interfaces incrivelmente fáceis e intuitivas, que nos seduzem. Todos nós temos amigos que nos fazem a demonstração de seu mais novo objeto "super-high-tech", que se gabam interminavelmente das qualidades de seu novo telefone etc. O que fazem não é nada mais, nada menos que promover o novo instrumento que os vigia. E sentem muito orgulho disso. Somos todos um pouco assim. ...
[entrevista com T. Rousselin, a íntegra deste texto saiu no "Le Monde" e circulou em listas-online de arte em setembro/2008]
POST-PANOPTIC ERA: LIQUID RETHORICS IN MOBILE NETWORKS / part#01 [oct/2007]
[We're being YouTubed... ]
1. “Líquido-Moderna é uma sociedade em que as condições sob as quais agem seus membros mudam num tempo mais curto do que aquele necessário para a consolidação, em hábitos e rotinas, das formas de agir … uma sociedade de ‘valores voláteis’, descuidada do futuro, egoísta e hedonista’. [as pessoas que circulam perto do topo da pirâmide do poder global] vêem ‘as novidades como inovações, a precariedade como um valor, a instabilidade como imperativo, o hibridismo como riqueza’ … A boa notícia é que a substituição das preocupações com a eternidade pelo alvoroço da reciclagem identitária vem acompanhada de ferramentas patenteadas e prontas para uso, do tipo D.I.Y., que prometem tornar o trabalho rápido e eficiente sem a necessidade de habilidades especiais e com pouca dificuldade”, Bauman (1999-2005)
2. “Everyday life is made of a broad range of social practices… a pattern emerges that may yield some clues about the actual transformative effects of wireless communication technologies… it’s clear that mobile technologies are becoming an integral part of people’s everyday activities…”, Castells (+F-A, Q, S, 2007)
3. “A internet é de fato uma tecnologia da liberdade – mas pode libertar os poderosos para oprimir os desinformados, pode levar à exclusão dos desvalorizados pelos conquistadores de valor … precisamos situar nossa ação no contexto específico de dominação e libertação em que vivemos: a sociedade de rede … as redes da internet propiciam comunicação livre e global que se torna essencial para tudo. Mas a infra-estrutura das redes pode ter donos, o acesso a elas pode ser controlado e seu uso pode ser influenciado, se não monopolizado, por interesses comerciais, ideológicos e políticos. À medida que a internet se torna infra-estrutura onipresente de nossas vidas, a questão de quem possui e controla o acesso a ela dá lugar a uma batalha essencial pela liberdade. … ser excluído é ser condenado à marginalidade … essa exclusão pode se produzir por diferentes mecanismos: falta de infra-estrutura tecnológica; obtáculos econômicos ou institucionais ao aceso às redes; capacidade educacional e cultural limitada para usar a internet de maneira autônoma … antes de começarmos a mudar a tecnologia, a reconstruir escolas, a reciclar professores, precisamos de uma nova pedagogia, baseada na interatividade, na personalização e no desenvolvimento da capacidade autônoma de aprender e pensar … a internet tornou-se uma importante ferramenta de organização e mobilização … despertando a consciência das pessoas com relação a modos de vida alternativos e construindo a força política para fazer isto acontecer … parece plausivel que uma redefinição do modelo de crescimento econômico, levando a uma estrategia abrangente de desenvolvimento sustentável, poderia ser gradualmente estabelecida”, Castells (2001)
“Parabolic People” de Sandra Kogut – dec.80 [RE:POSTED]
"the human being is part of the universe and an observer of the world, and that the world is defined at the interface between the observer and the rest of the world, meaning that the individuals are necessarily internal observers without access to the interface. As an observer one can neither step outside the world nor observe from outside the world within which one lives, with the result that the observed—reality—is always subject to elements of subjectivity."*
imagens: mm não é confete | programação visual @ 2006: milena szafir
[Data atual: 29-08-2008 12:04 do POST]
YouTube - Broadcast Yourself - aimberecesar has made a comment on MANIFESTE-SE [todo mundo artista]:
"Maneira a sua proposta, gostei do trabalho.
Há tempos atrás existiram as vídeo cabines, que foram montadas em alguns lugares, desde praças a museus, e as pessoas podiam entrar e fazer o que quisessem lá dentro, era um trabalho da Sandra Kogut, difente do seu, mas era legal também.
Um abraço,
Aimberê Cesar"
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Aimbere,
agradecemos seu contato e post:
seguramente - mesmo q inconscientemente - o projeto "Manifeste-se [todo mundo artista]" relaciona-se de alguma maneira ao memoravel projeto da artista brasileira Sandra Kogut
maiores infos sobre o projeto&adjacencias:
www.manifesto21.com.br : 2006e2007
ou
manifesto21.TV