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26out/070

MOBILE COMMUNICATION: ACESSO E ASCENSÃO [a sociedade líquido-moderna em rede móvel]*

“Everyday life is made of a broad range of social practices... a pattern emerges that may yield some clues about the actual transformative effects of wireless communication technologies... it's clear that mobile technologies are becoming an integral part of people's everyday activities...”
(Castells,F-A, Q, S – 2007)

A popularização da telefonia móvel, e as crescentes proposições e discussões no Brasil acerca de “tv digital” e “tv pública”, faz com que necessitemos nos posicionar ativamente neste atual contexto de dominação e libertação em que vivemos da chamada sociedade líquido-moderna e em rede.

A tecnologia móvel (mobile communication) – uma infra-estrutura cada vez mais onipresente em nosso cotidiano – pode ser vista, a partir de uma visão não-apologética, como uma acessibilidade (democratização) para todos junto a esta nova concepção de sociedade a qual pertencemos, propiciando uma possível (e/ou almejada) liberdade global no que diz respeito à comunicação audiovisual (textos, imagens e sons conectados on demand e em tempo real): a questão de uma produção midiática em rede via mobile technologies se faz necessária não somente em um âmbito cultural-criativo, mas – e principalmente – junto a uma visão sócio-econômica e educativa, onde o usuário venha a tomar as rédeas da mensagem a partir do meio (mobile phones), proporcionando-lhes o "poder de transmissão de conteúdo e conhecimento", compreendendo nossa época como a "Era Tecnoconceitual", indo de encontro portanto à questão do que denominamos como mobile online live-broadcast e às mudanças paradigmáticas referentes aos media de comunicação: “Os estudos dos efeitos passaram dos usos como funções para as funções dos usos, saltando portanto, da pergunta 'o que os mass media fazem com as pessoas?' para a pergunta 'o que as pessoas fazem com os mass media?' Assumindo que a audiência é tão ativa quanto os emissores das mensagens.” (Santaella : 2001), compreendendo em nossa atualidade os mass-media como sistemas fluidos, em constantes fluxos, aceleração, liquidez e consumo. Como exemplo paradigmático deste atual momento em que vivemos a World Wide Web torna-se um local de reconhecimento videográfico (vide o YouTube nos primeiros meses do ano de 2006 como um fenômeno do vídeo online responsável por mudanças comportamentais do ser urbano contemporâneo), instaurando novas formas de visibilidade, de poder e, desta maneira, gerando distintas subjetividades ao 'permitir' voz a todos aqueles, com um “mínimo” de infra-estrutura, conectados a este mundo da tecnologia digital (à época – agosto de 2006 –, diariamente 65 mil vídeos eram postados e 100 milhões exibidos somente no Youtube, o que representava 42,2% dos vídeos assistidos na internet). Ou seja, em nossa contemporânea virada de século, a televisão (como a conhecemos) inicia a perda de seu posto supremo de comunicação em massa, dando lugar ao espaço cibernético in consumo (blogs, videoblogs, MySpace e Youtube, dentre outros portais videográficos na rede) – constantemente sendo reinventado e expandido –, assim como os dispositivos móveis, se tornando o "espaço público" de "mentes coletivas" por excelência em nossa sociedade, conectando indivíduos, cada qual a partir de sua auto-experiência cotidiana, onde a questão da comunicação na atual sociedade em rede móvel passa a ser aqui pensada-elaborada junto a um possível (e crescente) 'corpo-coletivo' de identidade nômade, interativa, individualista e possivelmente autocrítica, ou seja, discussões acerca de interface e linguagem: experimentação prática (além-teórica) para a compreensão de uma rede comunicacional digital, livre, pública e coletiva nesta 'Era Pós-Panóptica' de dados em constante fluxo e aceleração reinterpretando conceitos, formas disciplinares e ideológicas como questões de retóricas líquidas.

Portanto, como nossa sociedade em rede a partir da telefonia móvel – cada vez mais acessível a um número maior de indivíduos – apresenta esta possível inclusão daqueles antes condenados social e economicamente à marginalidade? É verídica a proposição acerca de que à medida em que os grupos conectados às redes globais, ao tornarem-se além-espectadores – produtores de sua própria realidade (geradores de valor) – gerem coletivamente um modelo de crescimento econômico de desenvolvimento sustentável? Ou este ser-urbano líquido-moderno do século 21 que assiste e, principalmente, vivencia o acesso, cada vez mais acelerado, a estes sistemas (GPSs, GPRSs, RFIDs, entre outros, inicialmente criados como dispositivos militares) – visto que a comunicação móvel é a tecnologia de maior amplitude-acessibilidade sócio-econômica na atualidade seguido de suas funções multimídia audiovisual e de geoinformação (GPS, Glonass, Compass, Galileo, tecnologias de processamento de dados geográficos cada vez mais aliados a mapas na rede etc) – como cada vez mais cotidianos – onde a Cidade apresenta-se como o medium inicial de participação (ver Henry Lefebvre, O Direito à Cidade) mesmo em um contínuo contexto do medo e da vigilância (a questão do público versus o privado, realidade cotidiana nas urbes contemporâneas).

*Este artigo-paper foi enviado aos curadores da 2a Edição do Festival Internacional de Arte em Mídias Móveis da Telemig Celular (para a qual Milena Szafir foi convidada a dar uma palestra - free meeting sobre o projeto MANIFESTE-SE [todo mundo artista] - na cidade de Belo Horizonte/MG) e a um outro festival na cidade de São Paulo que solicitava, em setembro, propostas de apresentação (de 30 minutos/200 palavras, então sob o título "MOBILE COMMUNICATION: ACESSO E ASCENSÃO [sociedade em rede móvel: todo mundo conectado]") tendo como tema a relação da telefonia móvel com a ecologia (2. Ramo das ciências humanas que estuda a estrutura e o desenvolvimento das comunidades humanas em suas relações com o meio ambiente e sua consequente adaptação a ele, assim como novos aspectos que os processos tecnológicos ou os sistemas de organização social possam acarretar para as condições de vida do homem...” - B.H. – 1975)